A Era dos Antidepressivos e Ansiolíticos

Não, não falo de você que toma antigripal e xarope sem prescrição médica quando começa a ter sintomas de resfriado. Esse texto é para quem acredita que precisa tomar remédio porque não está atingindo alguma expectativa que a sociedade colocou nas suas costas.

Quem nunca achou que tinha déficit de atenção porque não conseguia ficar atento àquela aula chata de matemática? E quem nunca achou que aquele colega que só tirava notão que era normal, mesmo tendo sido o único de 30 alunos que tirou mais que 6?

Vivemos em uma sociedade que está a todo tempo nos exigindo o melhor sem nos dar condições de atingir esse resultado de maneira adequada. Sabe qual a consequência disso?

Segundo uma matéria de 2016 da revista Super Interessante, o Brasil é o maior consumidor de Rivotril (quem nunca ouviu falar?) do mundo. Não te parece estranho que tanta gente precise de um ansiolítico para ser “normal”?

Nossa sociedade tende a nos culpar por tudo que não está indo de maneira ideal na nossa vida. Mesmo que a violência só cresça, o dinheiro público seja mal gasto, não haja emprego e acesso à educação e saúde de qualidade para todos, a culpa é toda colocada em nossas costas por estarmos insatisfeitos, estressados ou tristes. Aí que você cai na medicalização.

Medicalização não é quando você toma um remédio por conta própria para lidar com uma doença ou dor. Medicalização é quando a sociedade te faz acreditar que está doente por não estar atendendo o modelo de sucesso mostrado na televisão.

Entramos nessa para aumentar nosso desempenho, em qualquer área da nossa vida. Ansiolíticos para trabalhar sem surtar com o estresse, antidepressivos para dar conta de uma rotina desumana, “bombas’ para ter um corpo perfeito… Não vou nem começar a falar de drogas ilícitas, mas pode ter certeza que a grande maioria dos viciados entra nessa vida para lidar com alguma frustração da vida real.

Não quero com esse assunto passar uma ideia de que sou contra medicamentos, não é isso. Há vários casos em que um tratamento medicamentoso se faz necessário. A questão é que você precisa de um profissional especializado para direcionar esse tratamento. O problema não é o remédio, mas sim o uso indiscriminado, o estímulo por parte da indústria farmacêutica e a banalização dos diagnósticos. Toda medicação pode trazer efeitos colaterais e, remédios controlados, como os ansiolíticos, causam dependência química – fazendo com que a pessoa que faça uso constante precise sempre aumentar a dose para ter o efeito desejado.

Se você escolhe se medicar para lidar com um problema da sua vida, acredite, se anestesiar não vai fazer o seu problema diminuir. Apenas faz com que você não dê atenção para ele, o que pode ser um ambiente perfeito para o seu bebê problema crescer forte e se tornar um super problema. O ideal é parar e pensar o que pode ser mudado na sua vida para que você possa enfim viver de forma mais saudável.

Vou estar puxando muito o peixe para o meu lado se eu disser que psicoterapia serve justamente para ajudar nisso? Enfim, o que eu quero dizer é que aumentar a consciência é o que você precisa para resolver seus problemas. A medicalização cala essa consciência







Na Midia

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