Que todos têm defeitos e qualidades, todo mundo sabe. Mas até que ponto você deve aceitar os defeitos do outro?Será que é melhor terminar a relação?
Será que você está sendo muito exigente?
Será que é melhor aceitar para não ficar sozinho(a)?
Será que o outro vai mudar?
Será que você está tentando sozinho(a)?
Será que deve jogar tudo para o alto?
Os questionamentos são muitos. E talvez você esteja nesse momento atualmente ou já esteve em alguma fase da sua vida.
Normalmente, no início tudo são flores e a gente nem enxerga os defeitos da pessoa. Isso é causado pela paixão, pela euforia do início e pela enorme vontade de querer fazer dar certo dessa vez.
Com o tempo e a convivência, essa euforia diminui e você começa a enxergar coisas que o outro faz e que não te agrada.
Esses defeitos não são novos, não surgiram do dia para a noite. Eles sempre estiveram ali, você que não os via.
Além disso, todas as nossas características possuem um lado positivo e um negativo. Ou seja, aquela qualidade pela qual se apaixonou, pode ter um lado negativo que você considera um defeito. Por exemplo, um cara que te despertou interesse por ser “família” e bom filho, pode ter uma dependência emocional com a mãe e você se sentir sempre em segundo plano. Ou uma mulher bem sucedida que você se interessou por ser muito segura, pode te despertar dúvidas se ela realmente gosta de você, pois é inflexível e quer tudo do jeito dela.
Ou seja, quando você se interessa pelas características da pessoa, você leva de “bônus” os defeitos referentes a elas também. TUDO tem os dois lados.
E a interpretação do que é um defeito é muito pessoal. Aquilo que uma pessoa considera um defeito, outra pode considerar uma qualidade. Aquilo que é grave para um, pode ser leve para outro. Não existe uma interpretação universal. Não existe certo e errado nesse caso.
Outra coisa que é fundamental considerar (e que as pessoas esquecem) é que o relacionamento é composto de duas pessoas e uma alimenta os comportamentos da outra (tanto negativos quanto positivos).
Você reclama que a seu marido é bagunceiro e não ajuda em casa, mas arruma toda a bagunça dele. Aí você briga, fala que ele não faz nada nunca, que você tem que fazer tudo e na próxima bagunça, você vai lá e arruma tudo de novo. E reclama tudo de novo. É um ciclo sem fim.
“Mas, Renata, se eu não arrumar, a casa vai ficar bagunçada!”
Sim, vai. E qual é o problema? Vai acontecer algo grave (de verdade) se a casa ficar bagunçada?
Como você quer que o outro arrume a casa se não dá oportunidade para isso?
“Mas ele não vai fazer… A casa vai ficar bagunçada e eu vou ter que fazer depois!”
1º: como você sabe que ele não vai fazer se nem sequer tentou?
2º: a casa vai ficar bagunçada por 1 dia, 2 dias, 1 semana, 1 mês… Seja lá quanto tempo for, mas certamente não vai ficar para sempre. Pode ser que ele não arrume no primeiro dia, no entanto, se você tiver paciência para esperar, talvez ele arrume depois de uma semana ou dê uma solução alternativa, como contratar uma diarista, por exemplo.
O fato é que não adianta reclamar dos defeitos do outro. A chave está em avaliar o que você faz que alimenta esse defeito.
Você reclama que sua esposa trabalha muito e não tem tempo para o casal, mas você vive com a conta bancária negativa e ela precisa sempre cobrir os seus buracos. Você reclama que seu namorado te sufoca, mas incentiva que ele tenha ciúmes, pois se sente amada. Você reclama que a sua namorada grita, mas ouve os gritos dela calado.
Apesar de certas características parecerem fixas, como se você tivesse nascido assim e fosse impossível mudar, não são. Todo comportamento é um hábito. Ele foi aprendido, construído e reforçado. O defeito não surgiu do nada. Certamente ele vem sendo alimentado sem você se dar conta. É mais fácil apontar, criticar e culpar o outro pelo relacionamento estar ruim do que olhar para si e verificar o que você faz que está sendo negativo para a relação, já que nem todo mundo gosta de enxergar seus próprios defeitos e erros.
Quando você já não aguenta mais os defeitos do outro, a única forma de melhorar a relação é com a sua mudança. Não adianta tentar mudar o outro. NUNCA funciona! Ele só vai mudar se quiser e não porque você está brigando. Lembre-se que ninguém muda ninguém. Você não tem uma varinha mágica que pode mudar os outros ao seu bel-prazer.
Além disso, você deve avaliar se consegue conviver com esses defeitos. A tendência do outro mudar, caso você mude, é grande, mas quando se trata de pessoas, nada é 100% garantido. Então, pense o que fará caso o outro não mude. É possível conviver com isso? Se for algo inviável, é importante rever a relação.
Claro que não adianta querer que o seu parceiro(a) seja a pessoa perfeita. Nem ele, nem ninguém será. Mas isso não significa que você tem que aceitar tudo em prol do amor e do relacionamento. Todos tem o seu limite. Saber qual é o seu e não aceitar aquilo que é intolerável para você também é um ato de amor. De amor próprio.
Estar em uma relação infeliz, não saudável e que não te faz bem porque você “ama muito o outro”, tem muito mais a ver com apego, dependência e insegurança do que com amor.
Avalie também se a mudança que você pode fazer é viável. É algo que fere os seus princípios, as suas crenças e a sua vontade? Se for algo que te agrida, também é importante rever a relação. Se você achar que a mudança é possível e estiver disposta a tentar, tome a iniciativa agora. Para que deixar para depois?
Lembre-se que as mudanças não acontecem do dia para a noite. Mesmo que você mude, pode ser que o outro não reaja a essa mudança de forma imediata. Afinal, vocês estão a muito tempo seguindo um padrão e alimentando esses comportamentos negativos. Não dá pra querer que tudo mude como mágica de uma hora pra outra. Tempo, paciência e repetição são fundamentais. Se a sua atitude for diferente uma vez, não tiver o resultado esperado e você desistir porque “não adianta tentar, nada vai funcionar”, sua relação estará fadada aos mesmos problemas e defeitos, podendo chegar até ao término ou a empurrar com a barriga uma relação infeliz.
Independente de estar ou não em um relacionamento, a sua felicidade, saúde e bem estar deve sempre estar em primeiro lugar, independente das convenções sociais. Não esqueça: o amor pode (e deve) ser leve, saudável e feliz!